quarta-feira, 31 de março de 2010


Não me surpreende a morte.
Surpreende-me sim
A vida não vivida
.





segunda-feira, 29 de março de 2010

No voar do pássaro.


No voar
Do pássaro
Sente-se
A liberdade do sonho.
Nestas muralhas
Onde choro
Só ouço
O lamento do corvo.
Bravo

Deixar-me-ei levar.


Não deixarei
Sair o medo
De naufragar
Em águas negras
De abismos profundos.

Um dia,
Libertar-me-ei
Das correntes
Da memória.

Na procura
De um sol
Morno
Acariciante.
Então aí, sim.
Deixar-me-ei levar.
Bravo

sexta-feira, 26 de março de 2010

O livro


Deus
Escreveu o livro
Deixando
As paginas em branco
O homem
Leu o livro
E mudou o mundo.
Bravo

domingo, 21 de março de 2010

Alentejo



Rasgam-se sulcos
Em terra dobrada à mão
Por homens gerados
Por sóis abrasadores
E frios intensos.
Metamorfoses
De terra e sangue
De sal e de água.
Alquimia
De um Deus maior
Castigador.
Horizontes de um povo
Sofredor
Mas belo.



José Bravo Rosa

segunda-feira, 8 de março de 2010

Coitado


Coitado daquele
Que não se ergue
E se mistura
Num abismo de submissão.

Coitado daquele
Que fala
E não se faz entender
Num turbilhão de palavras.

Coitado
Do pobre homem
Que se consume
Na sua própria mordaça
E morre
Só.