O tempo Cercou-me Num abraço apertado, Asfixiante, E chorou. Chorou sobre as minhas velhas feridas Cicatrizadas na alma. Chorou Sobre a solidão Minha companheira Nas longas noites. Chorou Sobre um horizonte Sem azul Que me limita a visão E onde a penumbra É o meu céu. Chorou Sobre os socalcos Do meu rosto Entre rasgos de sofrimento E desertos de emoções. E, por fim, chorou Da desumanidade Que ele, o tempo, Fez ao homem.
Caio Na noite Onde não há sombras. Filtro-me na escuridão Como quem rouba. Grito!... Grito em silêncio As minhas mágoas. Vomito o álcool Do esquecimento. E aconchego-me Na solidão de mais um dia.
Pintei Pintei de vermelho A abóbada celeste. E logo caíram, Em cascata, Lágrimas de sangue. Formou-se, No horizonte humano, Um arco-íris De silêncio. Onde não existe memória. Onde nada faz sentido. E onde a morte se presenteia.
Quem sou eu?
Aquele?
O Outro?
Serei o triste?
O risonho?
O pobre?
O rico?
O amado?
O odiado?
O incompreendido?
O desgraçado?
O sem abrigo?
O pedinte?
O rejeitado?
Serei o enviado?
Serei um Deus?!
Afinal, quem sou eu?!
Serei todos?!
Ou nenhum?
" Todos os trabalhos aqui postados são de minha autoria "