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Hoje, apeteceu-me
Falar contigo
E de ti.
Hoje
Só quero olhar as estrelas,
Dormir ao relento
Da minha pele,
Desnudar-me
Do nada que sou
E voar!...
Voar como o condor
Em rodopios de azul
Perdido no vento que passa.
Voar…
Voar como quem voa
De paixão, embriagado.
Quero ser
Sol, lua e terra
Quero ser primavera
Flor na tua janela.
Hoje, apeteceu-me
Não ser eu
Quero ser
O outro, aquele, mais alguém
Quero ser todos e ninguém.
Quero ser
Ar, pó e nada
E voltar numa alvorada.
Hoje quero, somente,
Que me digas
Quem eu sou.
Bravo
Espasmos
Meros discípulos
Castigam-se
Em simbolismos
De previsão temporal
Onde não há ordem
Nem cedências.
Iluminados
Os servos do amor
Que ainda dormem
Sobre a sua imortalidade
Num mundo utópico.
De palavras torcidas
Pela melancolia
Da felicidade.
Somente
O eterno grito da liberdade
Deixa na alma
Estranhas palpitações.
José Bravo Rosa
Restos mortais
Rebobinei o poeta
Em versos vãos.
Fiz dele
Uma negação.
Destruí,
Quimeras,
Sonhos,
Ilusão.
Sequei lágrimas
De compaixão.
Gastei em soluços
Doces palavras.
Apaguei da alma
A luz da vida
E gritei ao vento
A despedida.
E por fim
Ficaram,
Somente,
Restos mortais
Do que não sou.
José Bravo Rosa