Hoje, apeteceu-me Falar contigo E de ti. Hoje Só quero olhar as estrelas, Dormir ao relento Da minha pele, Desnudar-me Do nada que sou E voar!... Voar como o condor Em rodopios de azul Perdido no vento que passa. Voar… Voar como quem voa De paixão, embriagado. Quero ser Sol, lua e terra Quero ser primavera Flor na tua janela. Hoje, apeteceu-me Não ser eu Quero ser O outro, aquele, mais alguém Quero ser todos e ninguém. Quero ser Ar, pó e nada E voltar numa alvorada. Hoje quero, somente, Que me digas Quem eu sou.
Rebobinei o poeta Em versos vãos. Fiz dele Uma negação. Destruí, Quimeras, Sonhos, Ilusão. Sequei lágrimas De compaixão. Gastei em soluços Doces palavras. Apaguei da alma A luz da vida E gritei ao vento A despedida. E por fim Ficaram, Somente, Restos mortais Do que não sou.
Quem sou eu?
Aquele?
O Outro?
Serei o triste?
O risonho?
O pobre?
O rico?
O amado?
O odiado?
O incompreendido?
O desgraçado?
O sem abrigo?
O pedinte?
O rejeitado?
Serei o enviado?
Serei um Deus?!
Afinal, quem sou eu?!
Serei todos?!
Ou nenhum?
" Todos os trabalhos aqui postados são de minha autoria "