Guardei!... Guardei na cave fria e húmida, Numa mala velha e sofrida. Onde os bichos, hoje, dormem. Retalhos da minha vida. Tranquei a porta, Joguei fora a chave E comecei tudo de novo!
O amor É sinónimo de vazio. Tudo o que antes parecia importante Deixa de o ser! O passado e o futuro, Convergem para o presente. Nada!... Mas nada faz sentido! As pernas carregam, cambaleantes, A cabeça e o tronco Embriagados pelas emoções do momento. As palavras!... As palavras tornam-se flechas, Que rasgam o ar em todas as direcções Na procura do desejado alvo. Aqui, o cupido! Deixa de fazer sentido. Tudo se resume A um abstracto de emoções. À ponta do cordel Do novelo do amor. O começo de um caminho No labirinto da vida. E também o doce momento Onde tudo recomeça.
Sinto-me só Entre gente! Entrego-me à ousadia De ouvir os sons do silêncio. Procuro nesta solidão do momento A música de tua dança. Que me acalma os sentidos Desta dor de ausência. Ausência de tudo e de todos Até deste corpo que habito, Deste sussurro, deste grito… Da nostalgia dos meus dias De onde escorre A negra noite. Ainda que por muito me afoite Caminhar, nas brumas do que sou, Desvendar os seus segredos. Regresso para onde vou. À música de tua dança. Que povoa e exalta em mim Os sons do silêncio!
Hoje… Eu só queria Perceber o motivo porque existo! Descobrir caminhos Que me levem à verdade… Ou não?! Metamorfosear-me No vento que passa E na chuva que cai. No sol e no mar. E navegar!... Navegar sem rumo aparente. Sem passado, Sem futuro, Nem presente. Rumo ao longínquo horizonte. Desta existência Que procuro… Ou não?!
Escondo-me nas palavras Do que disse E não disse. Acobardo-me Do que nunca te direi. Faço dos meus dias A minha penitencia. E das noites A escuridão da minha alma. Hoje vivo…somente… Das migalhas da tua presença!...
A linha curva Da terra Invisível se torna. Nas curvas femininas De um corpo magnetizado De êxtase e sedução. Iluminado Por uma lua metálica Abraçada Por uma noite lilás.
Recorde-se Um dia De chamar por mim. Não para me criticar, Não para me julgar, Mas simplesmente... Para me olhar. Basta!... Basta De palavras supérfluas!...
Sinto! A nostalgia das sombras Deitada a meu lado. Percorro o caminho da noite Feito de cardos. Lanço facas Ao abismo do acaso. Deito-me, embalado, Na bandeira da guerra E deixo-me levar… E tudo porquê!? Porque, hoje, sinto-me feito de nadas…
Olho… Para a nudez do corpo feminino! E imagino-me!... Numa estrada cheia de curvas, Sinuosas e até perigosas, Percorro-a lentamente… Enquanto aprecio a paisagem.
Sigo em frente Sem nunca olhar para trás. Os medos! Perseguem-me! Aterrorizam-me… Deslizo Por entre caminhos Como se levitasse. Alcanço por fim… O vazio Do tão esperado momento. Carrego-me de energia E perco-me… Para me encontrar.
Quem sou eu?
Aquele?
O Outro?
Serei o triste?
O risonho?
O pobre?
O rico?
O amado?
O odiado?
O incompreendido?
O desgraçado?
O sem abrigo?
O pedinte?
O rejeitado?
Serei o enviado?
Serei um Deus?!
Afinal, quem sou eu?!
Serei todos?!
Ou nenhum?
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