sexta-feira, 25 de junho de 2010

É o Alentejo que sou.


Fui parido
Da terra nua
Como semente jogada ao vento
Que nasce selvagem
E bela.
Sou flor na primavera
Em Abril
Das aguas mil.
Sou planície
Verdejante
De beleza imensurável.
Até onde meus olhos cegam.
Ondas de roxo se elevam
Entre brancos e amarelos
Desmaiando por fim
Nos vermelhos
Em salpicos de alecrim.
Sou regatos de água pura
Onde os loendros se banham
Sou carvalhinho perfumado
Por amores procurado.
Sou vento, brisa e chuva
Sou terreno enlameado.
Sou senda, caminho, estrada
Fonte de água gelada.
Dias ensolarados
E fresco da madrugada.
Pássaros de negro vestidos
Em rodopios de azul.
Passarola voadora
Em seu alto pedestal
Sou o gemer da azinheira
Curvada sob seu peso.
Sou monte velho, caído
Onde o vento uiva e grita
Na sombra da solidão.
Sou a terra que dava o pão.
Sou feito de lágrimas e suor
Sou dor de quem já sofreu.
Nas entranhas da terra dura.
Sou de grande formosura
Nesta estação primaveril.
Cheiros! São mais de mil
As cores! Do arco-íris.
Este, sim! É o Alentejo que sou.
E não o que dizem ser.

3 comentários:

  1. E és lindo querido Bravo!
    Que achou do jogo?
    Beijos e meu carinho para ti

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  2. Quando as almas se misturam, a alegria de um é alegria do outro, a tristeza é compartilhada e a gente se pergunta o que se deve fazer para que o archote continue sempre a iluminar-nos. O coração é um portal para um jardim onde os matizes e perfumes devem sempre permanecer a nos inundar de beleza a vida. Só assim a vida tem sentido. Só assim o tempo é uma construção. Teu poema é maravilhoso...

    Não existe um só verso teu que não traga em si um presente, uma explosão luzente. É isso o que quis te dizer. A prova está aí!!!Magnífico.

    Meu carinho, bom final de semana

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